Filme de ex-aluno da A.W. Arapongas leva prêmio no Festival de Gramado

gramado

Interesse e curiosidade por novas culturas surgiu quando o cineasta Fernando Honesko ainda estudava na Academia Washington, a partir do contato com pessoas de outros países. Em entrevista, ele conta como fez para conquistar seus sonhos e mostra que você também pode chegar lá. 

O curta Funeral à Cigana, do diretor e editor Fernando Honesko, acaba de levar o prêmio de Melhor Trilha Sonora no aclamado Festival de Cinema de Gramado, realizado no início deste mês na cidade gaúcha. O filme ilustra a cultura cigana ao narrar a tragetória de Sandro, que tem de levar o corpo do seu pai recém-falecido à sua terra natal, mas passa por dificuldades para cumprir suas tradições. Após a premiação de Gramado, o filme segue rodando festivais no Brasil e no Mundo.

Ex-aluno da Academia Washington Arapongas, Fernando Honesko conta que aos 17 anos, pensava em ser metereologista ou arqueologista, mas acabou mesmo estudando jornalismo. O contato com o cinema surgiu em 2006, quando recebeu uma bolsa de estudos para fazer pós-graduação em Idealização e Produção de Audiovisuais pela Università Cattolica del Sacro Cuore, em Milão na Itália.

 

Em bate-papo com o pessoal da Academia Washington, Honesko conta um pouco de sua história e dá dicas para quem também quer seguir essa profissão:

Como você vê o mercado de trabalho atual para os jovens que querem seguir nessa área? Alguma dica?

A dica principal, profissionalmente, é ter paciência. O mercado do audiovisual é pequeno e quando não se conhece as pessoas certas, você tem que tentar abrir seu próprio caminho. Quando comecei, enviei 180 emails para todos os contatos de produtoras em São Paulo que consegui encontrar pela internet. Foi assim que consegui entrar pra uma produtora. Por isso, acho importante que quem queira enveredar para essa área goste muito de cinema, filmes, música e artes. Assim, o interesse pessoal vai justificar todas as dificuldades do início da carreira.

Falar inglês foi importante para conquistar espaço no mercado de trabalho?

Acho que aprender inglês foi muito importante para minha carreira. Desde sempre, gostei muito de estudar línguas. Comecei na Academia Washington em 1995, com 11 anos. E fiquei até me formar, aos 16. Foi assim que comecei a me corresponder com pessoas que falavam línguas diferentes e a entender que existia um mundo fora daquele que eu conhecia.

Mas acho que o mais importante foi que o inglês quebrou muitas barreiras pra minha formação. Principalmente cinematográfica. Se não tivesse o conhecimento da língua, deixaria de assistir muitos filmes estrangeiros que só existem em versões em língua original ou com legendas em inglês.

Hoje vivemos numa comunidade mundial. Quem quer ficar preso no seu canto, vive só naquele canto. Acho que quanto mais conseguimos nos confrontar com outras realidades, e nisso sabemos que o inglês ajuda muito, mais interessante a nossa vida fica.

Quantos filmes já fez ou participou?

Meu primeiro filme foi o trabalho de conclusão da minha pós-graduação na Itália. Um curta-metragem documentário chamado “Il Sapore del Maggio”, que co-dirigi com duas amigas, Alicia Cano, do Uruguai e Maddalena Monge, da Itália. Mas o primeiro trabalho foi o longa documentário “Raça Síntese de Joãosinho Trinta”, dirigido por Paulo Machline, para quem fiz a montagem em 2009. Depois disso, fui assistente de direção e montagem no longa documentário “Tropicália”, dirigido por Marcelo Machado, que estreia no próximo dia 14 de Setembro. Em 2011 foi o período dos curtas. Montei o curta documentário “Barbeiros”, direção de Luiz Ferraz e Guilherme Aguilar, que está rodando o circuito de festivais atualmente. E, também em 2011, dirigi o meu primeiro curta de ficção, “Funeral à Cigana”. Atualmente, estou montando a ficção sobre o Joãosinho Trinta, interpretado pelo Matheus Nachtergaele, também dirigida pelo Paulo Machline, chamada – claro –  “Trinta”, que estreia em 2013.

Sobre o curta “Funeral à Cigana”, por que esse tema? Como é dirigir um filme sobre uma cultura tão diferente, houveram muitos choques? 

Sempre tive interesse por outras culturas. Acho que muito disso começou quando conheci os primeiros estrangeiros aí mesmo na Academia Washington. Sempre achei muito legal poder encontrar pessoas que vivem de um jeito diferente do nosso. E os ciganos são os estrangeiros por excelência. Não importa onde eles estejam, eles sempre são os forasteiros. Pensam, falam e agem de um jeito muito próprio. Isso sempre me interessou.  A experiência de trabalhar com eles no filme foi sensacional. Realmente, uma escola de vida e de cinema. Não tivemos choques culturais explícitos, porque o filme sempre esteve a disposição para se adaptar às diferenças. Ou seja, o filme sempre quis contemplar a cultura cigana, deixando os atores não-profissionais – Sandro, Carrero, Dona Zenilda e Pióca – o mais livre possível para mostrarem quem os ciganos realmente são.

Quanto tempo demorou para realizar o filme, desde cada etapa?

Conseguimos o patrocínio – a partir do edital do Ministério da Cultura, que viabilizou o filme – em Outubro de 2010. A pós-produção, ou seja, o filme ficou pronto em Fevereiro de 2012. Ou seja, o trabalho levou 1 ano e 4 meses. E acho importante dizer que ninguem ganha a vida com curta-metragem. É um formato muito próprio, que praticamente não é distribuído comercialmente. Mas é ao mesmo tempo, uma forma de expressão muito interessante e também uma porta de entrada para muita gente no mundo do cinema. Mas enfim, leva tempo e dá muito trabalho, mas é algo muito fascinante também!

Confira o teaser do curta-metragem:

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